Laboratório de Manuseio Coreográfico

#EUNÃOSOUACASA

escrita como coreógrafa do fluxo de movimento. interessante me camuflar à cozinha que tem tanta coisa e tá tão aqui quanto qualquer outro cômodo fiquei pensando que se fosse no meu quarto eu já estaria camuflada pronto pluft você me via agora não vê mais. acho que me sinto uma coisa só COM a casa porque tenho sentido que o tempo é uma coisa só e consequentemente o espaço. o que é engraçado porque como diriam meus amigos, “o tempo nem existe, é um negócio inventado”. Foda essa separação entre as duas coisas, espaço e tempo, porque é comum ter uma conexão forte entre os dois conceitos mas o espaço certamente existe, né? assim como eu. O espaço como afirmação de que eu existo e vice-versa. Eu encosto a pele na parede de tijolinhos e eles esfarelam um pouco no chão e isso prova que porque eu sinto ela é real e porque eu a afeto também sou real. Dá um alívio sentir na pele esses espaços também pra notar a diferença entre eu e eles, pra afirmar que eu não sou a casa ou meu quarto e a camuflagem é mentira.

(escrita de Letícia Trovijo a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #habitaraimagem)