Laboratório de Manuseio Coreográfico

sustentar a falta

 

 “Sustentar a falta” sublinha aquilo que aparece na falta, na impossibilidade do fazer, em que a produtividade dá lugar a gestos possíveis entre a sustentação e a desistência.

Como a pandemia tem nos coreografado? Que gestos são necessários, possíveis, urgentes? Que gestos surgem quando a mediação das relações e afetos são as telas?

“Gestos barreiras” é uma série de três vídeo-danças que dão a ver diferentes aspectos do gesto no contexto da pandemia do Covid-19. São três estados de um mesmo tempo organizados em dramaturgias gestuais de listas. Seja pela paragem, pela repetição ou pela imaginação, a série “Gestos Barreiras” é uma aposta na sensorialidade do meio audiovisual como modo de criar experiências sensíveis e possíveis.

 

#SUSTENTAR

o olhar a pausa a cabeça uma postura a perna um gesto a respiração a desistência um argumento a crença o fluxo a passagem do tempo a mentira a verdade alguém uma criança no colo o wi-fi um peso a esperança o próprio peso o desejo a palavra um modo a vida a merda a paz a revolta o amor a escuta o que se disse a presença a risada o humor uma bandeja a sanidade mental o cansaço a amizade as relações uma nota uma contração uma queda um ritmo um impulso uma intenção se sustentar na vida a vitamina D a vontade o ânimo a pausa o tédio a voz a repetição o coração o grito a emoção os braços as asas o voo a caminhada o giro a queda a espiral as vogais uma canção o pensamento uma imagem o movimento a vontade de mover a dança o apoio um impulso uma abertura uma torção uma ponta um close a cena uma conversa o cochicho a escuta a fofoca a risada os dentes o enquadramento

#DESISTIR

da tensão da atenção de resistir de insistir de cair dos outros de sustentar de argumentar de estar da família de um plano da morte da realidade do vício de correr dos impulsos da pausa do amor de malhar de sofrer da dieta do facebook das redes da imagem da fala da fé do querer de esticar o pé de pentear o cabelo da desistência de dormir de se apaixonar da cena de mudar do ataque de si de se defender de expectativas do Brasil de morar no Rio de Janeiro da dívida do encontro de tentar de entender de mudar de chorar de apagar de esquecer de colecionar de lembrar de tentar sozinha da verdade de falar a verdade de ocupar de atender do prazer das ideias do gozo do corpo de depilar de beijar de fingir de um padrão de mover de gritar de sentir do equilíbrio do tônus de uma abertura do antes de uma torção das pontas do observador do enquadramento

#ACASA

“Agora a gente está vivendo isso na carne: o site especific é a nossa casa, o site especific é o nosso corpo. E a gente pode pensar em uma ideia atualizada disso, que seria uma ideia de composição situada. Que é justamente pensar este lugar da performatividade da cena como uma situação. Um entendimento de que o próprio espaço já proporciona fluxos de relação. Pensar neste plano de fundo, na paisagem, e dar para o espaço o status de corpo. E, realmente, estar já é muita coisa.”

#OGESTO

“O gesto é alguma coisa que está sempre mudando na relação com o ambiente, ele está em constante atualização o tempo inteiro, porque ele é sempre uma resposta ao ambiente externo e ao ambiente interno. É alguma coisa que está o tempo inteiro passível de transformação pelos inputs que recebe. A partir do que é o contexto, mas também a partir das respostas que ele gera.”

#HABITARAIMAGEM

Procedimento coreográfico:

 

Emoldurar-se na paisagem; Estar no espaço como coisa; Ceder à pretensão do fazer, apenas estar e deixar que as coisas aconteçam; Ser parte; Também chamamos de paragem; 

Ser vista de outro ponto de vista, mais do que ver.

#OLEMBRAR

“A memória é dinâmica, se atualiza no gesto presente, ou na fala. Ela sempre se atualiza no agora. Cada vez que a gente aciona alguma coisa, no sentido de repetir um gesto, uma ação, lembrar de algo, a gente está atualizando aquilo. A gente aciona mapas e tem várias entradas que podem acionar uma mesma memória. E é justamente por isso que tem coisas que permanecem mais e outras que permanecem menos. Esses mapas são sensório-motores, são criados por informações sensitivas e motoras. (Um mapa) por ser perceptivo e motor, se atualiza sempre pela percepção que leva à ação, a ação que leva à percepção. Até por isso também, uma memória ruim pode se tornar boa, uma memória boa pode se tornar ruim.”

#PÉSMESASDENTESCAIXAS

Um ambiente cheio de coisas; coleções feitas sem querer; não pensamos no quase abarrotamento; estar sem prestar muita moeda ; quero poder ser objetivo também; tensão sem pretensão; o recorte é ilusão e a gente gosta de manusear sentidos; estar em aberto num celeiro de signos; a gente usa e não pensa; a gente recorta e não usa ; o corpo é igual estando ; há camuflagem recíproca entre pés, mesas, dentes, caixas ; não tem tanto peso ; a carga se dispersa ; o ambiente é um contorno para o movimento que quase não se vê; para estar não quero dívidas; de máscaras já me uso muito ; para mover não quero dívida nem gasto ; é uma plasticidade do estar porque sim; estar assim porque sim; porque sim mas com todo o resto que se supõe- sem dolo,  sem taxa.

 

 

(escrita de Rebeca Tadiello a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #HABITARAIMAGEM)

#CANTOSBURACOSPAREDES

#CANTOSBURACOSPAREDESNÃOTOCADAS

 

dar a ver o espaço pela presença, sublinhar se misturando com as linhas – unir-se às linhas? tornar-se nova linha? ocupar os espaços vazios, uma mão que aparece inesperadamente num vão antes imperceptível. ocupar lugares incomuns. deitar na pia, apoiar-se, encostar-se, ir até onde as plantas estão. tá escuro por conta da chuva, mas nessa janela bate sempre sol. partes do corpo que aparecem como sendo o próprio corpo porque, em perspectiva, o saco de pão esconde as outras partes, fica só a mão. qual o ponto mais distante que consigo ir, sem sair de quadro? cantos, buracos, paredes não tocadas, superfícies apoiáveis, pequenos espaços. não posso sentar na pia, nem no móvel. queria subir em cima da geladeira.

 

 

 

(escrita de Letícia Trovijo a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#EUNÃOSOUACASA

escrita como coreógrafa do fluxo de movimento. interessante me camuflar à cozinha que tem tanta coisa e tá tão aqui quanto qualquer outro cômodo fiquei pensando que se fosse no meu quarto eu já estaria camuflada pronto pluft você me via agora não vê mais. acho que me sinto uma coisa só COM a casa porque tenho sentido que o tempo é uma coisa só e consequentemente o espaço. o que é engraçado porque como diriam meus amigos, “o tempo nem existe, é um negócio inventado”. Foda essa separação entre as duas coisas, espaço e tempo, porque é comum ter uma conexão forte entre os dois conceitos mas o espaço certamente existe, né? assim como eu. O espaço como afirmação de que eu existo e vice-versa. Eu encosto a pele na parede de tijolinhos e eles esfarelam um pouco no chão e isso prova que porque eu sinto ela é real e porque eu a afeto também sou real. Dá um alívio sentir na pele esses espaços também pra notar a diferença entre eu e eles, pra afirmar que eu não sou a casa ou meu quarto e a camuflagem é mentira.

(escrita de Letícia Trovijo a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#ZOOMOUT

Procedimento coreográfico

  Mover-se distanciando-se de um ponto de vista, revelando camadas do gesto: corpo, ambiente, paisagem. Integrar-se à paisagem/ambiente; Ser parte de um todo; Em relação à tela, repetir um mesmo gesto ou mover-se em fluxo se distanciando, de modo a ressignificar o gesto a cada novo enquadramento de corpo/ambiente. Estado de escuta ao gesto que os estares em determinado ambiente sugere.

#ASAUDADEÉUMASEDE

o quarto meio escuro roupas jogadas dar a ver isso entrar no guarda roupa acho que não mas só se colocar ao lado —— não criar situação —— deixar que ela aconteça

e acontece

 

a sissi já estava lá eu senti assim que entrei no quarto com a câmera que estava expondo uma parte muito íntima de mim nunca tinha mostrado essa parte pro zoom lembrei de quando abracei meus pais depois de muito tempo se vendo distanciados era como se a gente tivesse se beijado na boca uma intimidade muito grande

 

e eu aproveitei pra abraçar todas as manhãs dar bom dia com abraço de quem não se vê há muito tempo era intenso apertado – antes do café talvez à noite – abraçar à toa

 

eu o abraço todos os dias como quem toma água com sede, abraço de quem não se vê há muito tempo, abraço de quem se despede

 

 

a saudade é meio salgada meio doce é molhada é uma sede

(escrita de Camila Venturelli a partir de experiência do procedimento coreográfico "Habitar a imagem", 
no processo de criação do vídeo 1: "sustentar a falta". 

Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#EQUIPE

Gestos Barreiras

 

Concepção

Laboratório de Manuseio Coreográfico

Direção Geral e Direção de Movimento

Camila Venturelli 

Criação, Performance e Captação de vídeo

Camila Venturelli, Letícia Trovijo, Naíra Gascon e Rebeca Tadiello

Colaboração Artística

Dani Lima

Dramaturgismo

Candice Didonet 

Consultoria de vídeo e montagem

Bruna Lessa e Cacá Bernardes / Bruta Flor Filmes

Trilha sonora e finalização de som

Julia Teles

Arte Gráfica

Maria Carolina Marchi

Consultoria Redes Sociais

Vitor Dumont

Assessoria de Imprensa

Elaine Calux

Produção

Wesley Mendes

Direção de Produção

Cristiane Klein / Dionísio Produção

Criação do site

 

Organização de conteúdo

Camila Venturelli

Identidade Visual

Maria Carolina Marchi

Layout e desenvolvimento

Lidia Ganhito

Edição e direção visual dos gifs

Lidia Ganhito

Desenvolvimento do site

Luis Mourão e Gianluca Fiorini

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#OQUEHÁNAFALTA?

suspensão ausência desistência aperto no peito memória silêncio voz cheiro outras janelas sensações endereço falta não nomes possibilidades saudade possibilidades de preenchimento estrutura índice ideias vontades espaço oportunidade vazio perspectiva luto projeto percepção osso melancolia tempo acúmulo temperatura interrupção desfoque suspenção engasgo gravidade desistências estar atualizações lembrança da presença sobras obras objetos sem uso memórias estrutura objetos que lembram pessoas conteúdo negação aperto no peito não saber liberdade ruído branco verdade ansiedade depressão desmoronamentos pergunta tentativas de sustentação choro outros modos de encontro entre falta de vontade muita vontade pesar gestos sem sentido atropelos gestos com sentido gestos antigos escolhas semântica da negação buracos gestos aprendidos poros ar pelos peso batimentos cardíacos coração tambor inaudível gambiarra esforço abandono do esforço frustração desespero descoberta plantas invenção procura pouco tempo pra muita arte pouca arte pra muito tempo improviso trava liberação presença fluxo mínimo membrana espassa corpo inquieto corpo inventivo pausa preenchimento impossibilidades densidade preguiça pulsação impulsos vaga clareira abertura desaparecimento vão incógnita dificuldade de ver o horizonte procura neblina tentativas de ver o horizonte múltiplas escolhas ouvidação abstinência

#ZOOMIN

Procedimento coreográfico

Mover-se em relação a um ponto de vista, emoldurar e/ou aproximar o(s) gesto(s) enquanto move; Dar relevância a um gesto específico, a um detalhe dele ou uma parte do corpo – em relação à tela, a um ponto de vista ou a si mesma; Em relação à tela, mover-se em fluxo se aproximando e se distanciando da tela emoldurando o(s) gesto(s) enquanto move; Revelar o detalhe

barrar em gestos

 

 

Barrar em gestos traz a literalidade da ação de barrar sublinhando aspectos desapercebidos na repetição exaustiva – e necessária – do cotidiano.

Como a pandemia tem nos coreografado? Que gestos são necessários, possíveis, urgentes? Que gestos surgem quando a mediação das relações e afetos são as telas?

“Gestos barreiras” é uma série de três vídeo-danças que dão a ver diferentes aspectos do gesto no contexto da pandemia do Covid-19. São três estados de um mesmo tempo organizados em dramaturgias gestuais de listas. Seja pela paragem, pela repetição ou pela imaginação, a série “Gestos Barreiras” é uma aposta na sensorialidade do meio audiovisual como modo de criar experiências sensíveis e possíveis.

#BARRAR

o vírus a água o sol o movimento do rio dejetos pensamento um tiro os ladrões os impulsos as crises a rua uma fala um pensamento os carros você uma manifestação as pessoas uma pessoa a praia a entrada a saída a imaginação a loucura a medicação o pensamento crítico o mau hálito a censura

#CUIDAR

cantar olhar nos olhos respeitar o meu tempo prestar atenção a medida certa ceder espaço dividir espaço chorar deixar chorar respeitar o tempo do outro cuidar do seu espaço refletir a sua cobrança conversar

abrir espaço oferecer espaço oferecer abraço receber cuidar das coisas do coração

afeto/afetar beber água alongar se mover/mover andar na rua mudar as coisas de lugar

mudar o caminho uma almofada mudar uma atitude  mudar o ponto de vista mudar se colocar no lugar da outra tomar banho de mar ver de perto e ver de longe

esvaziar deixar esvaziar arejar aberturas no corpo do outro seu mover com cuidado evitar lesões ralentar um pouco saber pedir desculpas na hora certa

eu me sinto cuidada quando cozinham pra mim quando recebo uma massagem quando eu não me apresso quando me perguntam como eu estou me sentindo quando eu encontro meu pai quando eu tomo um café na janela quando eu me toco quando me dão presentes quando me escutam quando eu cozinho cogumelos quando estou quente quando eu falo com meu irmão quando eu uso máscara

eu cuido quando eu faço massagem quando eu falo se cuida quando eu toco quando eu abraço quando eu estou presente quando eu ligo pra minha mãe quando eu presto atenção quando eu uso máscara quando eu observo

“Eu não acho que controle é uma palavra ruim. Eu não acho que cuidar (“care”) é a única prática em que nós precisamos estar engajados. E “care”, propriamente, envolve ambos aspectos do “curare”: tanto veneno quanto remédio estão embutidos na palavra “curare”, que é a raíz da palavra “care”. Portanto, práticas de cuidado não se tratam de um “ser legal” sentimentalizado. Viver e morrer verdadeiramente no cuidar envolve estar no meio da contradição, onde não há como não estar engajado na dualidade do cuidado e do veneno, da cura e do veneno.(…) Portanto, isso envolve, entre outras coisas, práticas de controle. (…) Práticas de controle também são práticas para nos mantermos vivos.” Donna Haraway (ver mesa de referências)

#OGESTO

“O gesto é alguma coisa que está sempre mudando na relação com o ambiente, ele está em constante atualização o tempo inteiro, porque ele é sempre uma resposta ao ambiente externo e ao ambiente interno. É alguma coisa que está o tempo inteiro passível de transformação pelos inputs que recebe. A partir do que é o contexto, mas também a partir das respostas que ele gera.”

#CRIARMEMBRANA

Cada pessoa tem um equilíbrio fluido-membrana diferente –  uma  característica  constitucional  básica  que  também  pode variar  de  um  momento  a  outro.  Esse  equilíbrio  revela  muito sobre nossos padrões de movimento, de relacionamento, de comunicação, de expressão e de transformação. Eles se expressam na  nossa  capacidade  de  modulação  tônica,  de  adaptabilidade, de mudança de um estado a outro, de manter uma determinada postura ou de sustentar um gesto. Enquanto os fluidos nos proporcionam  a  possibilidade  de  deixar  acontecer,  de  ir  com as  marés  –  em  um fluxo  de  movimentos,  de  pensamentos,  de emoções – as membranas nos fornecem continente, estrutura, proteção.  Um  desequilíbrio  que  pese  demasiado  para  o  lado dos  fluidos  pode  favorecer  a  indiferenciação,  o  caos,  a  perda de  si  e  do  mundo. E,  opostamente,  apoiar-se  excessivamente nas membranas pode levar à rigidez, à intolerância, à perda das trocas com o mundo. Fluidos e membranas se necessitam mutuamente para o bem-estar e equilíbrio das células e da vida.” 

 

trecho do artigo “UMA EXPERIÊNCIA SOMÁTICA EM DANÇA ENTRE FLUIDOS E MEMBRANAS” de Dani Lima. 

palavras relacionadas à membrana

PALAVRA

PASSAPORTE PARA ESTAR

ESPAÇO

LINHAS

APOIO NA ARQUITETURA DA CASA

DIREÇÃO

PAUSA

RESISTÊNCIA

INTEGRIDADE IMPOSTA

OLHO ABERTO

MEDO

SEMÂNTICA

ESCADA

TERRITÓRIO

FIRMEZA

MANCHA

INTENSIFICAR

ORGANIZAR

PRESENÇA

SEPARAR

FIGURA

DIFÍCIL

JOELHO MACHUCADO

MOLDAR

GOLE D´ÁGUA

#COMOMOVER?

 

No ramo da infectologia, o pensamento de eliminar os chamados ‘vetores de contaminação’ predomina diante dos esforços governamentais, midiáticos, corporais, civis (na melhor das hipóteses)….////// 

E quando o vetor de contaminação é justamente um corpo humano – diante de uma doença que ataca a própria espécie ? → Quarentena, gestos barreiras, negações, extermínios dolosos (?) … // Pois sim, os corpos mortos não são os que mais favorecem o contágio, são os corpos vivos/respirantes que o fazem -> os corpos vivos querem se manter vivos, e para isso há a condição lógica de se aceitar como um vetor- como uma possibilidade de morte para o outro –> ao aceitar isso, estes corpos são obrigados a complexificar os gestos de expansão em relação a sua própria vida–> ao complexificar tais gestos, somos obrigados a repensar as esferas de valoração do nosso mover no mundo….. -> isso requer a ressignificação de alguns acordos simbólicos, acordos não assinados que sempre perpassam o “estar” e suas comunicações;; e onde há ‘símbolos’ há barganha semiótica/ onde há símbolo, há guerra. ///logo>: como mover? Como perceber as ressignificações de moveres sutis em ossos, músculos, células..??

Rebeca Tadiello

 

#ZOOMIN

Procedimento coreográfico

Mover-se em relação a um ponto de vista, emoldurar e/ou aproximar o(s) gesto(s) enquanto move; Dar relevância a um gesto específico, a um detalhe dele ou uma parte do corpo – em relação à tela, a um ponto de vista ou a si mesma; Em relação à tela, mover-se em fluxo se aproximando e se distanciando da tela emoldurando o(s) gesto(s) enquanto move; Revelar o detalhe

#ZOOMOUT

Procedimento coreográfico

  Mover-se distanciando-se de um ponto de vista, revelando camadas do gesto: corpo, ambiente, paisagem. Integrar-se à paisagem/ambiente; Ser parte de um todo; Em relação à tela, repetir um mesmo gesto ou mover-se em fluxo se distanciando, de modo a ressignificar o gesto a cada novo enquadramento de corpo/ambiente. Estado de escuta ao gesto que os estares em determinado ambiente sugere.

#EQUIPE

Gestos Barreiras

 

Concepção

Laboratório de Manuseio Coreográfico

Direção Geral e Direção de Movimento

Camila Venturelli 

Criação, Performance e Captação de vídeo

Camila Venturelli, Letícia Trovijo, Naíra Gascon e Rebeca Tadiello

Colaboração Artística

Dani Lima

Dramaturgismo

Candice Didonet 

Consultoria de vídeo e montagem

Bruna Lessa e Cacá Bernardes / Bruta Flor Filmes

Trilha sonora e finalização de som

Julia Teles

Arte Gráfica

Maria Carolina Marchi

Consultoria Redes Sociais

Vitor Dumont

Assessoria de Imprensa

Elaine Calux

Produção

Wesley Mendes

Direção de Produção

Cristiane Klein / Dionísio Produção

Criação do site

 

Organização de conteúdo

Camila Venturelli

Identidade Visual

Maria Carolina Marchi

Layout e desenvolvimento

Lidia Ganhito

Edição e direção visual dos gifs

Lidia Ganhito

Desenvolvimento do site

Luis Mourão e Gianluca Fiorini

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#GESTOSBARREIRAS

Esta é uma página com materiais do processo de criação da série de videodanças Gestos Barreiras, desenvolvida pelo Laboratório de Manuseio Coreográfico, no primeiro semestre de 2021.

 

Todas as etapas de criação deste projeto como produção, criação coreográfica, ensaios, reuniões, gravações, montagem, exibição, pós-produção e criação de site aconteceram de maneira totalmente remota, a fim de preservar toda a equipe e respeitar as restrições da fase emergencial na cidade de São Paulo, no maior pico da pandemia no Brasil até o período.

Nesta página, você vai encontrar, além das videodanças principais, rastros de processo, listas, gif de gestos, anotações de campo, imagens de ensaios, relatos, textos reflexivos e vídeos curtos. Materiais que surgiram no processo de criação, com todas as artistas envolvidas.

Nos ícones principais, que levam os nomes dos três vídeos: “Sustentar a falta”, “Barrar em gesto” e “Não esquecer dos gestos de acolhimento”, você encontra os links para assistir cada um dos vídeos principais. Sugerimos apreciá-los com fones de ouvido. No entanto, os vídeos principais só estarão disponíveis para apreciação em períodos determinados. Acompanhe nossa programação em “Agenda” para saber as próximas datas!

Nos ícones das estrelas, encontram-se textos sobre as concepções coreográficas e dramatúrgicas, padlets, referências e vídeos, além de registros de outras ações que rolaram no projeto.

As hashtags podem ser acessadas através da página principal e também nas páginas a que estão relacionadas. Elas inventam conceitos, procedimentos, vocabulários que surgem da experiência.

Cada um destes cliques é um convite para adentrar ao trabalho de uma maneira diferente. Se você se sentir perdida/o/e, o ícone do hambúrguer estará sempre lá em cima à esquerda para te trazer de volta ao menu principal.

 

Boa experiência!

 

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

não esquecer dos gestos de acolhimento

“Não esquecer dos gestos de acolhimento” se voltam para a imaginação de outros gestos possíveis e necessários que, assim como anticorpos, protejam os corpos e seres de ameaças a partir de dentro dos organismos e das casas.”

Como a pandemia tem nos coreografado? Que gestos são necessários, possíveis, urgentes? Que gestos surgem quando a mediação das relações e afetos são as telas?

 

“Gestos barreiras” é uma série de três vídeo-danças que dão a ver diferentes aspectos do gesto no contexto da pandemia do Covid-19. São três estados de um mesmo tempo organizados em dramaturgias gestuais de listas. Seja pela paragem, pela repetição ou pela imaginação, a série “Gestos Barreiras” é uma aposta na sensorialidade do meio audiovisual como modo de criar experiências sensíveis e possíveis.

 

#ABRIR

  um sorriso  a cabeça o coração a porta a boca as mãos as pernas os dedos  os botões da blusa que voce usava o zíper a janela abrir o caderno a cerveja a mochila a garrafa a panela os olhos a boca a cortina os braços um negócio o semáforo uma academia de ginástica o show uma empresa o pão a abóbora o pacote de biscoito a carteira a mão o estojo

#ACASA

“Agora a gente está vivendo isso na carne: o site especific é a nossa casa, o site especific é o nosso corpo. E a gente pode pensar em uma ideia atualizada disso, que seria uma ideia de composição situada. Que é justamente pensar este lugar da performatividade da cena como uma situação. Um entendimento de que o próprio espaço já proporciona fluxos de relação. Pensar neste plano de fundo, na paisagem, e dar para o espaço o status de corpo. E, realmente, estar já é muita coisa.”

#CUIDAR

cantar olhar nos olhos respeitar o meu tempo prestar atenção a medida certa ceder espaço dividir espaço chorar deixar chorar respeitar o tempo do outro cuidar do seu espaço refletir a sua cobrança conversar

abrir espaço oferecer espaço oferecer abraço receber cuidar das coisas do coração

afeto/afetar beber água alongar se mover/mover andar na rua mudar as coisas de lugar

mudar o caminho uma almofada mudar uma atitude  mudar o ponto de vista mudar se colocar no lugar da outra tomar banho de mar ver de perto e ver de longe

esvaziar deixar esvaziar arejar aberturas no corpo do outro seu mover com cuidado evitar lesões ralentar um pouco saber pedir desculpas na hora certa

eu me sinto cuidada quando cozinham pra mim quando recebo uma massagem quando eu não me apresso quando me perguntam como eu estou me sentindo quando eu encontro meu pai quando eu tomo um café na janela quando eu me toco quando me dão presentes quando me escutam quando eu cozinho cogumelos quando estou quente quando eu falo com meu irmão quando eu uso máscara

eu cuido quando eu faço massagem quando eu falo se cuida quando eu toco quando eu abraço quando eu estou presente quando eu ligo pra minha mãe quando eu presto atenção quando eu uso máscara quando eu observo

“Eu não acho que controle é uma palavra ruim. Eu não acho que cuidar (“care”) é a única prática em que nós precisamos estar engajados. E “care”, propriamente, envolve ambos aspectos do “curare”: tanto veneno quanto remédio estão embutidos na palavra “curare”, que é a raíz da palavra “care”. Portanto, práticas de cuidado não se tratam de um “ser legal” sentimentalizado. Viver e morrer verdadeiramente no cuidar envolve estar no meio da contradição, onde não há como não estar engajado na dualidade do cuidado e do veneno, da cura e do veneno.(…) Portanto, isso envolve, entre outras coisas, práticas de controle. (…) Práticas de controle também são práticas para nos mantermos vivos.” Donna Haraway (ver mesa de referências)

#OGESTO

“O gesto é alguma coisa que está sempre mudando na relação com o ambiente, ele está em constante atualização o tempo inteiro, porque ele é sempre uma resposta ao ambiente externo e ao ambiente interno. É alguma coisa que está o tempo inteiro passível de transformação pelos inputs que recebe. A partir do que é o contexto, mas também a partir das respostas que ele gera.”

#OLEMBRAR

“A memória é dinâmica, se atualiza no gesto presente, ou na fala. Ela sempre se atualiza no agora. Cada vez que a gente aciona alguma coisa, no sentido de repetir um gesto, uma ação, lembrar de algo, a gente está atualizando aquilo. A gente aciona mapas e tem várias entradas que podem acionar uma mesma memória. E é justamente por isso que tem coisas que permanecem mais e outras que permanecem menos. Esses mapas são sensório-motores, são criados por informações sensitivas e motoras. (Um mapa) por ser perceptivo e motor, se atualiza sempre pela percepção que leva à ação, a ação que leva à percepção. Até por isso também, uma memória ruim pode se tornar boa, uma memória boa pode se tornar ruim.”

#CRIARMEMBRANA

Cada pessoa tem um equilíbrio fluido-membrana diferente –  uma  característica  constitucional  básica  que  também  pode variar  de  um  momento  a  outro.  Esse  equilíbrio  revela  muito sobre nossos padrões de movimento, de relacionamento, de comunicação, de expressão e de transformação. Eles se expressam na  nossa  capacidade  de  modulação  tônica,  de  adaptabilidade, de mudança de um estado a outro, de manter uma determinada postura ou de sustentar um gesto. Enquanto os fluidos nos proporcionam  a  possibilidade  de  deixar  acontecer,  de  ir  com as  marés  –  em  um fluxo  de  movimentos,  de  pensamentos,  de emoções – as membranas nos fornecem continente, estrutura, proteção.  Um  desequilíbrio  que  pese  demasiado  para  o  lado dos  fluidos  pode  favorecer  a  indiferenciação,  o  caos,  a  perda de  si  e  do  mundo. E,  opostamente,  apoiar-se  excessivamente nas membranas pode levar à rigidez, à intolerância, à perda das trocas com o mundo. Fluidos e membranas se necessitam mutuamente para o bem-estar e equilíbrio das células e da vida.” 

 

trecho do artigo “UMA EXPERIÊNCIA SOMÁTICA EM DANÇA ENTRE FLUIDOS E MEMBRANAS” de Dani Lima. 

palavras relacionadas à membrana

PALAVRA

PASSAPORTE PARA ESTAR

ESPAÇO

LINHAS

APOIO NA ARQUITETURA DA CASA

DIREÇÃO

PAUSA

RESISTÊNCIA

INTEGRIDADE IMPOSTA

OLHO ABERTO

MEDO

SEMÂNTICA

ESCADA

TERRITÓRIO

FIRMEZA

MANCHA

INTENSIFICAR

ORGANIZAR

PRESENÇA

SEPARAR

FIGURA

DIFÍCIL

JOELHO MACHUCADO

MOLDAR

GOLE D´ÁGUA

#FLUIR

“Cada pessoa tem um equilíbrio fluido-membrana diferente –  uma  característica  constitucional  básica  que  também  pode variar  de  um  momento  a  outro.  Esse  equilíbrio  revela  muito sobre nossos padrões de movimento, de relacionamento, de comunicação, de expressão e de transformação. Eles se expressam na  nossa  capacidade  de  modulação  tônica,  de  adaptabilidade, de mudança de um estado a outro, de manter uma determinada postura ou de sustentar um gesto. Enquanto os fluidos nos proporcionam  a  possibilidade  de  deixar  acontecer,  de  ir  com as  marés  –  em  um fluxo  de  movimentos,  de  pensamentos,  de emoções – as membranas nos fornecem continente, estrutura, proteção.  Um  desequilíbrio  que  pese  demasiado  para  o  lado dos  fluidos  pode  favorecer  a  indiferenciação,  o  caos,  a  perda de  si  e  do  mundo. E,  opostamente,  apoiar-se  excessivamente nas membranas pode levar à rigidez, à intolerância, à perda das trocas com o mundo. Fluidos e membranas se necessitam mutuamente para o bem-estar e equilíbrio das células e da vida.” 

 

trecho do artigo “UMA EXPERIÊNCIA SOMÁTICA EM DANÇA ENTRE FLUIDOS E MEMBRANAS” de Dani Lima. 

palavras relacionadas aos fluidos

 

 

DESMANTELADA

CARTA BRANCA

PREVER

SENTIR O VENTO

ÂNSIA

DOR DE CABEÇA

MEDO

GIRAR

AMOR

PRAZEROSO

TORTO

DEMÔNIO

JUNTO

BABAR

RESPIRAR COM DIFICULDADE

ESCORREGAR

DESISTIR

LÍNGUA

OLHOS FECHADOS

TRANSITAR ENTRE SENSAÇÕES

XAVECO

PERDER BASES

SOM PRÉ-PALAVRA

SEM FORMA

BOIAR

TRANSAR

ABRAÇO

BEIJO DE LÍNGUA

BALANÇO

LESÃO

CARINHO

CONCHINHA

VIBRAR

APOIAR-SE NO CHÃO

JOGO DE ATENÇÕES

 

#IMAGINARACASAPERFEITA

anotações sobre a casa perfeita

 

Às vezes eu gosto de pensar em como eu gostaria que fosse a minha casa perfeita. Ano passado fiz uma lista que chamei de anotações sobre conforto extremo e dentre os itens, coloquei:

“Luz natural do fim da tarde entrando pelas cortinas;
Piso frio e azulejos de florzinha;
Piso de caquinho no quintal;
Cozinha com porta telada para o quintal;
Janela grande com veneziana.”

Quando imagino essas cenas e objetos que as compõem, é como se fizesse uma colagem com pedaços de lugares por onde costumava passar algum tempo quando era criança. É sempre uma composição a partir de memórias: não se trata apenas da imagem, existem as sensações que as acompanham, os gestos que as acompanham.

A cozinha com porta telada é de uma casa que eu visitava quando era bem pequena e nem me lembro o nome de todo mundo, só da Kelly. Nem lembro muito dos elementos da cozinha além dessa porta do lado esquerdo que permitia a entrada de muita luz e que dava pra um gramado onde eu corria, além disso só me recordo de uma mesa na diagonal oposta a essa porta e que uma vez comi Mucilon sentada lá. Dessa casa eu também gostava do frescor dos azulejos e das sombras que as cores amarronzadas proporcionavam. Não me lembro nunca de estar lá à noite ou de ver esse ambiente em luz artificial, e talvez seja por isso que me parece tão especial.

A janela com veneziana é do meu quarto de infância, onde dormi até os meus 18 anos. Eu gostava da experiência de acordar no sábado e olhar pro teto onde a luz do sol estaria refletida na forma de várias faixas de luz fininhas, geralmente a imagem seria acompanhada do som do meu pai lavando o carro no quintal e escutando a alguma rádio.

Penso que associar o conforto ao piso frio ou à veneziana talvez seja uma forma de tentar grudar pra sempre essas sensações da infância às coisas. Talvez numa esperança de que as coisas estejam tão vivas quanto a gente e de que elas carreguem também essas memórias.

 

 

Às vezes eu gosto de imaginar como seria a minha casa perfeita. Ela teria uma porta de entrada vermelha (minha cor favorita desde pequena); a luz do fim de tarde entraria pelas cortinas de um jeito muito bonito, tipo quando ela passa de um jeito que você consegue ver umas coisinhas no ar que eu não sei exatamente o que é mas parece um pózinho; ela teria um quintal com piso de caquinhos, igual à casa que foi da minha bisavó, e uma das formas de acesso a ele seria a porta telada da cozinha; o quarto de dormir teria uma veneziana por onde a luz do sol entraria e refletiria no teto em várias faixas fininhas que eu poderia brincar de contar. 

Eu gosto de pensar que quando eu tiver a minha casa ela vai estar acompanhada de tanta memória quanto eu.

Letícia Trovijo

#CRIARANTICORPOS

Que ações, gestos e situações te nutrem e te fortalecem a partir de dentro?

 

Quais são seus anticorpos?

Que anticorpos você ofereceria pro mundo?

Para si   ME DEMORAR EM UM ABRAÇO MERGULHAR NO MAR CULTIVAR PLANTAS ESFREGAR A MÃO NO PEITO DORMIR COM A MÃO NO CORAÇÃO RESPIRAR FUNDO FECHAR OS OLHOS POR ALGUNS INSTANTES LER FEMINISTAS CHEIRAR UMA ROSA FAZER TAREFAS MAIS LENTAMENTE TOCAR MEU CONTORNO LEMBRAR DE MEMÓRIAS BOAS DANÇAR O QUE DÁ VONTADE ARREDONDAR-ME

CAMINHAR AO AR LIVRE SEM DESTINO BOTAR A CARA NO SOL ABRAÇAR  DEITAR NA REDE TOMAR/PASSAR UM CAFÉ COMPARTILHAR UMA REFEIÇÃO CONVERSAR DORMIR DE CONCHINHA AUTO-MASSAGEM CONTEMPLAR/ESTAR NA NATUREZA MEXER NA TERRA TOMAR BANHO DE MAR E/OU DE RIO TOCAR UM INSTRUMENTO DANÇAR SEM OUTRO MOTIVO QUE NÃO A VONTADE DE DANÇAR OFERECER O CORAÇÃO OLHAR PRO CÉU GRITAR QUANDO TO COM RAIVA ANDAR DE BICICLETA CUIDAR DAS PLANTAS ESTAR COM MEU CACHORRO FECHAR OS OLHOS E RESPIRAR

dizer não quando verdade; mover junto; tirar férias; dormir de conchinha; dançar/me mexer; ouvir música; cuidar das plantas; dar risada; chorar; tomar sol; subir num lugar alto; ficar pelada; nadar em água gelada; tomar café da manhã; ficar de ponta cabeça.

respirar, relembrar bons momentos; fingir demência, malhar, assistir filmes e séries; falar para pessoa que você gosta que você gosta dela; pensar-criar; fritar o cu, zuar com os amigos; tomar café; improvisar em asfaltos/pistas de skate; brincar de ser android; desistir.

Para o mundo 1. TOCAR 2. ABRAÇAR 3. DIZER BOM DIA 4. FAZER RIR 5. IMAGINAR 6. BRINCAR 7. COMPARTILHAR O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS 8. CRIAR 9. QUESTIONAR 10. ESCUTAR 11. MUDAR OS PONTOS DE VISTA

1. se expor; 2. expor uma dúvida;  3. expor ao diferente;           4. mandar mensagem de ‘oi’;  5. dizer ‘oi’;  6. convidar a mover;  7. dar a mão; 8. não pagar dívida;  9. sentar na grama;  10. inventar TAZ.

1. DAR AULAS DE DANÇA 2. ESCUTAR 3. ENCORAJAR UMA MULHER A REAGIR A UMA SITUAÇÃO OPRESSORA 4. LER FEMINISTAS 5. DANÇAR JUNTO COM OUTRAS PESSOAS 6. OFERECER UM TOQUE 7. DANÇAR A VONTADE DE MOVER 8. DANÇAR UMA MÚSICA 9. CULTIVAR PLANTAS 10. CHEIRAR AS COISAS

1. dizer sim quando verdade; 2. falar por quem não pode; 3. saber quando não falar; 4. abraçar; 5. ouvir; 6. mover junto; 7. dar a mão.

(listas escritas pelas criadoras durante o processo de criação para o vídeo 3: “não esquecer dos gestos de acolhimento”)

#ZOOMOUT

Procedimento coreográfico

  Mover-se distanciando-se de um ponto de vista, revelando camadas do gesto: corpo, ambiente, paisagem. Integrar-se à paisagem/ambiente; Ser parte de um todo; Em relação à tela, repetir um mesmo gesto ou mover-se em fluxo se distanciando, de modo a ressignificar o gesto a cada novo enquadramento de corpo/ambiente. Estado de escuta ao gesto que os estares em determinado ambiente sugere.

#ZOOMIN

Procedimento coreográfico

Mover-se em relação a um ponto de vista, emoldurar e/ou aproximar o(s) gesto(s) enquanto move; Dar relevância a um gesto específico, a um detalhe dele ou uma parte do corpo – em relação à tela, a um ponto de vista ou a si mesma; Em relação à tela, mover-se em fluxo se aproximando e se distanciando da tela emoldurando o(s) gesto(s) enquanto move; Revelar o detalhe

#GESTOSBARREIRAS

Esta é uma página com materiais do processo de criação da série de videodanças Gestos Barreiras, desenvolvida pelo Laboratório de Manuseio Coreográfico, no primeiro semestre de 2021.

 

Todas as etapas de criação deste projeto como produção, criação coreográfica, ensaios, reuniões, gravações, montagem, exibição, pós-produção e criação de site aconteceram de maneira totalmente remota, a fim de preservar toda a equipe e respeitar as restrições da fase emergencial na cidade de São Paulo, no maior pico da pandemia no Brasil até o período.

Nesta página, você vai encontrar, além das videodanças principais, rastros de processo, listas, gif de gestos, anotações de campo, imagens de ensaios, relatos, textos reflexivos e vídeos curtos. Materiais que surgiram no processo de criação, com todas as artistas envolvidas.

Nos ícones principais, que levam os nomes dos três vídeos: “Sustentar a falta”, “Barrar em gesto” e “Não esquecer dos gestos de acolhimento”, você encontra os links para assistir cada um dos vídeos principais. Sugerimos apreciá-los com fones de ouvido. No entanto, os vídeos principais só estarão disponíveis para apreciação em períodos determinados. Acompanhe nossa programação em “Agenda” para saber as próximas datas!

Nos ícones das estrelas, encontram-se textos sobre as concepções coreográficas e dramatúrgicas, padlets, referências e vídeos, além de registros de outras ações que rolaram no projeto.

As hashtags podem ser acessadas através da página principal e também nas páginas a que estão relacionadas. Elas inventam conceitos, procedimentos, vocabulários que surgem da experiência.

Cada um destes cliques é um convite para adentrar ao trabalho de uma maneira diferente. Se você se sentir perdida/o/e, o ícone do hambúrguer estará sempre lá em cima à esquerda para te trazer de volta ao menu principal.

 

Boa experiência!

 

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#EQUIPE

Gestos Barreiras

 

Concepção

Laboratório de Manuseio Coreográfico

Direção Geral e Direção de Movimento

Camila Venturelli 

Criação, Performance e Captação de vídeo

Camila Venturelli, Letícia Trovijo, Naíra Gascon e Rebeca Tadiello

Colaboração Artística

Dani Lima

Dramaturgismo

Candice Didonet 

Consultoria de vídeo e montagem

Bruna Lessa e Cacá Bernardes / Bruta Flor Filmes

Trilha sonora e finalização de som

Julia Teles

Arte Gráfica

Maria Carolina Marchi

Consultoria Redes Sociais

Vitor Dumont

Assessoria de Imprensa

Elaine Calux

Produção

Wesley Mendes

Direção de Produção

Cristiane Klein / Dionísio Produção

Criação do site

 

Organização de conteúdo

Camila Venturelli

Identidade Visual

Maria Carolina Marchi

Layout e desenvolvimento

Lidia Ganhito

Edição e direção visual dos gifs

Lidia Ganhito

Desenvolvimento do site

Luis Mourão e Gianluca Fiorini

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#GESTOSBARREIRAS

Esta é uma página com materiais do processo de criação da série de videodanças Gestos Barreiras, desenvolvida pelo Laboratório de Manuseio Coreográfico, no primeiro semestre de 2021.

 

Todas as etapas de criação deste projeto como produção, criação coreográfica, ensaios, reuniões, gravações, montagem, exibição, pós-produção e criação de site aconteceram de maneira totalmente remota, a fim de preservar toda a equipe e respeitar as restrições da fase emergencial na cidade de São Paulo, no maior pico da pandemia no Brasil até o período.

Nesta página, você vai encontrar, além das videodanças principais, rastros de processo, listas, gif de gestos, anotações de campo, imagens de ensaios, relatos, textos reflexivos e vídeos curtos. Materiais que surgiram no processo de criação, com todas as artistas envolvidas.

Nos ícones principais, que levam os nomes dos três vídeos: “Sustentar a falta”, “Barrar em gesto” e “Não esquecer dos gestos de acolhimento”, você encontra os links para assistir cada um dos vídeos principais. Sugerimos apreciá-los com fones de ouvido. No entanto, os vídeos principais só estarão disponíveis para apreciação em períodos determinados. Acompanhe nossa programação em “Agenda” para saber as próximas datas!

Nos ícones das estrelas, encontram-se textos sobre as concepções coreográficas e dramatúrgicas, padlets, referências e vídeos, além de registros de outras ações que rolaram no projeto.

As hashtags podem ser acessadas através da página principal e também nas páginas a que estão relacionadas. Elas inventam conceitos, procedimentos, vocabulários que surgem da experiência.

Cada um destes cliques é um convite para adentrar ao trabalho de uma maneira diferente. Se você se sentir perdida/o/e, o ícone do hambúrguer estará sempre lá em cima à esquerda para te trazer de volta ao menu principal.

 

Boa experiência!

 

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#CRIARANTICORPOS

Que ações, gestos e situações te nutrem e te fortalecem a partir de dentro?

 

Quais são seus anticorpos?

Que anticorpos você ofereceria pro mundo?

Para si   ME DEMORAR EM UM ABRAÇO MERGULHAR NO MAR CULTIVAR PLANTAS ESFREGAR A MÃO NO PEITO DORMIR COM A MÃO NO CORAÇÃO RESPIRAR FUNDO FECHAR OS OLHOS POR ALGUNS INSTANTES LER FEMINISTAS CHEIRAR UMA ROSA FAZER TAREFAS MAIS LENTAMENTE TOCAR MEU CONTORNO LEMBRAR DE MEMÓRIAS BOAS DANÇAR O QUE DÁ VONTADE ARREDONDAR-ME

CAMINHAR AO AR LIVRE SEM DESTINO BOTAR A CARA NO SOL ABRAÇAR  DEITAR NA REDE TOMAR/PASSAR UM CAFÉ COMPARTILHAR UMA REFEIÇÃO CONVERSAR DORMIR DE CONCHINHA AUTO-MASSAGEM CONTEMPLAR/ESTAR NA NATUREZA MEXER NA TERRA TOMAR BANHO DE MAR E/OU DE RIO TOCAR UM INSTRUMENTO DANÇAR SEM OUTRO MOTIVO QUE NÃO A VONTADE DE DANÇAR OFERECER O CORAÇÃO OLHAR PRO CÉU GRITAR QUANDO TO COM RAIVA ANDAR DE BICICLETA CUIDAR DAS PLANTAS ESTAR COM MEU CACHORRO FECHAR OS OLHOS E RESPIRAR

dizer não quando verdade; mover junto; tirar férias; dormir de conchinha; dançar/me mexer; ouvir música; cuidar das plantas; dar risada; chorar; tomar sol; subir num lugar alto; ficar pelada; nadar em água gelada; tomar café da manhã; ficar de ponta cabeça.

respirar, relembrar bons momentos; fingir demência, malhar, assistir filmes e séries; falar para pessoa que você gosta que você gosta dela; pensar-criar; fritar o cu, zuar com os amigos; tomar café; improvisar em asfaltos/pistas de skate; brincar de ser android; desistir.

Para o mundo 1. TOCAR 2. ABRAÇAR 3. DIZER BOM DIA 4. FAZER RIR 5. IMAGINAR 6. BRINCAR 7. COMPARTILHAR O QUE SABEMOS E O QUE NÃO SABEMOS 8. CRIAR 9. QUESTIONAR 10. ESCUTAR 11. MUDAR OS PONTOS DE VISTA

1. se expor; 2. expor uma dúvida;  3. expor ao diferente;           4. mandar mensagem de ‘oi’;  5. dizer ‘oi’;  6. convidar a mover;  7. dar a mão; 8. não pagar dívida;  9. sentar na grama;  10. inventar TAZ.

1. DAR AULAS DE DANÇA 2. ESCUTAR 3. ENCORAJAR UMA MULHER A REAGIR A UMA SITUAÇÃO OPRESSORA 4. LER FEMINISTAS 5. DANÇAR JUNTO COM OUTRAS PESSOAS 6. OFERECER UM TOQUE 7. DANÇAR A VONTADE DE MOVER 8. DANÇAR UMA MÚSICA 9. CULTIVAR PLANTAS 10. CHEIRAR AS COISAS

1. dizer sim quando verdade; 2. falar por quem não pode; 3. saber quando não falar; 4. abraçar; 5. ouvir; 6. mover junto; 7. dar a mão.

(listas escritas pelas criadoras durante o processo de criação para o vídeo 3: “não esquecer dos gestos de acolhimento”)

#PÉSMESASDENTESCAIXAS

Um ambiente cheio de coisas; coleções feitas sem querer; não pensamos no quase abarrotamento; estar sem prestar muita moeda ; quero poder ser objetivo também; tensão sem pretensão; o recorte é ilusão e a gente gosta de manusear sentidos; estar em aberto num celeiro de signos; a gente usa e não pensa; a gente recorta e não usa ; o corpo é igual estando ; há camuflagem recíproca entre pés, mesas, dentes, caixas ; não tem tanto peso ; a carga se dispersa ; o ambiente é um contorno para o movimento que quase não se vê; para estar não quero dívidas; de máscaras já me uso muito ; para mover não quero dívida nem gasto ; é uma plasticidade do estar porque sim; estar assim porque sim; porque sim mas com todo o resto que se supõe- sem dolo,  sem taxa.

 

 

(escrita de Rebeca Tadiello a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #HABITARAIMAGEM)

#EUNÃOSOUACASA

escrita como coreógrafa do fluxo de movimento. interessante me camuflar à cozinha que tem tanta coisa e tá tão aqui quanto qualquer outro cômodo fiquei pensando que se fosse no meu quarto eu já estaria camuflada pronto pluft você me via agora não vê mais. acho que me sinto uma coisa só COM a casa porque tenho sentido que o tempo é uma coisa só e consequentemente o espaço. o que é engraçado porque como diriam meus amigos, “o tempo nem existe, é um negócio inventado”. Foda essa separação entre as duas coisas, espaço e tempo, porque é comum ter uma conexão forte entre os dois conceitos mas o espaço certamente existe, né? assim como eu. O espaço como afirmação de que eu existo e vice-versa. Eu encosto a pele na parede de tijolinhos e eles esfarelam um pouco no chão e isso prova que porque eu sinto ela é real e porque eu a afeto também sou real. Dá um alívio sentir na pele esses espaços também pra notar a diferença entre eu e eles, pra afirmar que eu não sou a casa ou meu quarto e a camuflagem é mentira.

(escrita de Letícia Trovijo a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#CANTOSBURACOSPAREDES

#CANTOSBURACOSPAREDESNÃOTOCADAS

 

dar a ver o espaço pela presença, sublinhar se misturando com as linhas – unir-se às linhas? tornar-se nova linha? ocupar os espaços vazios, uma mão que aparece inesperadamente num vão antes imperceptível. ocupar lugares incomuns. deitar na pia, apoiar-se, encostar-se, ir até onde as plantas estão. tá escuro por conta da chuva, mas nessa janela bate sempre sol. partes do corpo que aparecem como sendo o próprio corpo porque, em perspectiva, o saco de pão esconde as outras partes, fica só a mão. qual o ponto mais distante que consigo ir, sem sair de quadro? cantos, buracos, paredes não tocadas, superfícies apoiáveis, pequenos espaços. não posso sentar na pia, nem no móvel. queria subir em cima da geladeira.

 

 

 

(escrita de Letícia Trovijo a partir de experiência do procedimento coreográfico “Habitar a imagem”, no processo de criação do vídeo 1: “sustentar a falta”. Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#ASAUDADEÉUMASEDE

o quarto meio escuro roupas jogadas dar a ver isso entrar no guarda roupa acho que não mas só se colocar ao lado —— não criar situação —— deixar que ela aconteça

e acontece

 

a sissi já estava lá eu senti assim que entrei no quarto com a câmera que estava expondo uma parte muito íntima de mim nunca tinha mostrado essa parte pro zoom lembrei de quando abracei meus pais depois de muito tempo se vendo distanciados era como se a gente tivesse se beijado na boca uma intimidade muito grande

 

e eu aproveitei pra abraçar todas as manhãs dar bom dia com abraço de quem não se vê há muito tempo era intenso apertado – antes do café talvez à noite – abraçar à toa

 

eu o abraço todos os dias como quem toma água com sede, abraço de quem não se vê há muito tempo, abraço de quem se despede

 

 

a saudade é meio salgada meio doce é molhada é uma sede

(escrita de Camila Venturelli a partir de experiência do procedimento coreográfico "Habitar a imagem", 
no processo de criação do vídeo 1: "sustentar a falta". 

Veja mais sobre em #habitaraimagem)

#OLEMBRAR

“A memória é dinâmica, se atualiza no gesto presente, ou na fala. Ela sempre se atualiza no agora. Cada vez que a gente aciona alguma coisa, no sentido de repetir um gesto, uma ação, lembrar de algo, a gente está atualizando aquilo. A gente aciona mapas e tem várias entradas que podem acionar uma mesma memória. E é justamente por isso que tem coisas que permanecem mais e outras que permanecem menos. Esses mapas são sensório-motores, são criados por informações sensitivas e motoras. (Um mapa) por ser perceptivo e motor, se atualiza sempre pela percepção que leva à ação, a ação que leva à percepção. Até por isso também, uma memória ruim pode se tornar boa, uma memória boa pode se tornar ruim.”

#IMAGINARACASAPERFEITA

anotações sobre a casa perfeita

 

Às vezes eu gosto de pensar em como eu gostaria que fosse a minha casa perfeita. Ano passado fiz uma lista que chamei de anotações sobre conforto extremo e dentre os itens, coloquei:

“Luz natural do fim da tarde entrando pelas cortinas;
Piso frio e azulejos de florzinha;
Piso de caquinho no quintal;
Cozinha com porta telada para o quintal;
Janela grande com veneziana.”

Quando imagino essas cenas e objetos que as compõem, é como se fizesse uma colagem com pedaços de lugares por onde costumava passar algum tempo quando era criança. É sempre uma composição a partir de memórias: não se trata apenas da imagem, existem as sensações que as acompanham, os gestos que as acompanham.

A cozinha com porta telada é de uma casa que eu visitava quando era bem pequena e nem me lembro o nome de todo mundo, só da Kelly. Nem lembro muito dos elementos da cozinha além dessa porta do lado esquerdo que permitia a entrada de muita luz e que dava pra um gramado onde eu corria, além disso só me recordo de uma mesa na diagonal oposta a essa porta e que uma vez comi Mucilon sentada lá. Dessa casa eu também gostava do frescor dos azulejos e das sombras que as cores amarronzadas proporcionavam. Não me lembro nunca de estar lá à noite ou de ver esse ambiente em luz artificial, e talvez seja por isso que me parece tão especial.

A janela com veneziana é do meu quarto de infância, onde dormi até os meus 18 anos. Eu gostava da experiência de acordar no sábado e olhar pro teto onde a luz do sol estaria refletida na forma de várias faixas de luz fininhas, geralmente a imagem seria acompanhada do som do meu pai lavando o carro no quintal e escutando a alguma rádio.

Penso que associar o conforto ao piso frio ou à veneziana talvez seja uma forma de tentar grudar pra sempre essas sensações da infância às coisas. Talvez numa esperança de que as coisas estejam tão vivas quanto a gente e de que elas carreguem também essas memórias.

 

 

Às vezes eu gosto de imaginar como seria a minha casa perfeita. Ela teria uma porta de entrada vermelha (minha cor favorita desde pequena); a luz do fim de tarde entraria pelas cortinas de um jeito muito bonito, tipo quando ela passa de um jeito que você consegue ver umas coisinhas no ar que eu não sei exatamente o que é mas parece um pózinho; ela teria um quintal com piso de caquinhos, igual à casa que foi da minha bisavó, e uma das formas de acesso a ele seria a porta telada da cozinha; o quarto de dormir teria uma veneziana por onde a luz do sol entraria e refletiria no teto em várias faixas fininhas que eu poderia brincar de contar. 

Eu gosto de pensar que quando eu tiver a minha casa ela vai estar acompanhada de tanta memória quanto eu.

Letícia Trovijo

#HABITARAIMAGEM

Procedimento coreográfico:

 

Emoldurar-se na paisagem; Estar no espaço como coisa; Ceder à pretensão do fazer, apenas estar e deixar que as coisas aconteçam; Ser parte; Também chamamos de paragem; 

Ser vista de outro ponto de vista, mais do que ver.

#OQUEHÁNAFALTA?

suspensão ausência desistência aperto no peito memória silêncio voz cheiro outras janelas sensações endereço falta não nomes possibilidades saudade possibilidades de preenchimento estrutura índice ideias vontades espaço oportunidade vazio perspectiva luto projeto percepção osso melancolia tempo acúmulo temperatura interrupção desfoque suspenção engasgo gravidade desistências estar atualizações lembrança da presença sobras obras objetos sem uso memórias estrutura objetos que lembram pessoas conteúdo negação aperto no peito não saber liberdade ruído branco verdade ansiedade depressão desmoronamentos pergunta tentativas de sustentação choro outros modos de encontro entre falta de vontade muita vontade pesar gestos sem sentido atropelos gestos com sentido gestos antigos escolhas semântica da negação buracos gestos aprendidos poros ar pelos peso batimentos cardíacos coração tambor inaudível gambiarra esforço abandono do esforço frustração desespero descoberta plantas invenção procura pouco tempo pra muita arte pouca arte pra muito tempo improviso trava liberação presença fluxo mínimo membrana espassa corpo inquieto corpo inventivo pausa preenchimento impossibilidades densidade preguiça pulsação impulsos vaga clareira abertura desaparecimento vão incógnita dificuldade de ver o horizonte procura neblina tentativas de ver o horizonte múltiplas escolhas ouvidação abstinência

#ZOOMOUT

Procedimento coreográfico

  Mover-se distanciando-se de um ponto de vista, revelando camadas do gesto: corpo, ambiente, paisagem. Integrar-se à paisagem/ambiente; Ser parte de um todo; Em relação à tela, repetir um mesmo gesto ou mover-se em fluxo se distanciando, de modo a ressignificar o gesto a cada novo enquadramento de corpo/ambiente. Estado de escuta ao gesto que os estares em determinado ambiente sugere.

#ZOOMIN

Procedimento coreográfico

Mover-se em relação a um ponto de vista, emoldurar e/ou aproximar o(s) gesto(s) enquanto move; Dar relevância a um gesto específico, a um detalhe dele ou uma parte do corpo – em relação à tela, a um ponto de vista ou a si mesma; Em relação à tela, mover-se em fluxo se aproximando e se distanciando da tela emoldurando o(s) gesto(s) enquanto move; Revelar o detalhe

#ACASA

“Agora a gente está vivendo isso na carne: o site especific é a nossa casa, o site especific é o nosso corpo. E a gente pode pensar em uma ideia atualizada disso, que seria uma ideia de composição situada. Que é justamente pensar este lugar da performatividade da cena como uma situação. Um entendimento de que o próprio espaço já proporciona fluxos de relação. Pensar neste plano de fundo, na paisagem, e dar para o espaço o status de corpo. E, realmente, estar já é muita coisa.”

#OGESTO

“O gesto é alguma coisa que está sempre mudando na relação com o ambiente, ele está em constante atualização o tempo inteiro, porque ele é sempre uma resposta ao ambiente externo e ao ambiente interno. É alguma coisa que está o tempo inteiro passível de transformação pelos inputs que recebe. A partir do que é o contexto, mas também a partir das respostas que ele gera.”

#FLUIR

“Cada pessoa tem um equilíbrio fluido-membrana diferente –  uma  característica  constitucional  básica  que  também  pode variar  de  um  momento  a  outro.  Esse  equilíbrio  revela  muito sobre nossos padrões de movimento, de relacionamento, de comunicação, de expressão e de transformação. Eles se expressam na  nossa  capacidade  de  modulação  tônica,  de  adaptabilidade, de mudança de um estado a outro, de manter uma determinada postura ou de sustentar um gesto. Enquanto os fluidos nos proporcionam  a  possibilidade  de  deixar  acontecer,  de  ir  com as  marés  –  em  um fluxo  de  movimentos,  de  pensamentos,  de emoções – as membranas nos fornecem continente, estrutura, proteção.  Um  desequilíbrio  que  pese  demasiado  para  o  lado dos  fluidos  pode  favorecer  a  indiferenciação,  o  caos,  a  perda de  si  e  do  mundo. E,  opostamente,  apoiar-se  excessivamente nas membranas pode levar à rigidez, à intolerância, à perda das trocas com o mundo. Fluidos e membranas se necessitam mutuamente para o bem-estar e equilíbrio das células e da vida.” 

 

trecho do artigo “UMA EXPERIÊNCIA SOMÁTICA EM DANÇA ENTRE FLUIDOS E MEMBRANAS” de Dani Lima. 

palavras relacionadas aos fluidos

 

 

DESMANTELADA

CARTA BRANCA

PREVER

SENTIR O VENTO

ÂNSIA

DOR DE CABEÇA

MEDO

GIRAR

AMOR

PRAZEROSO

TORTO

DEMÔNIO

JUNTO

BABAR

RESPIRAR COM DIFICULDADE

ESCORREGAR

DESISTIR

LÍNGUA

OLHOS FECHADOS

TRANSITAR ENTRE SENSAÇÕES

XAVECO

PERDER BASES

SOM PRÉ-PALAVRA

SEM FORMA

BOIAR

TRANSAR

ABRAÇO

BEIJO DE LÍNGUA

BALANÇO

LESÃO

CARINHO

CONCHINHA

VIBRAR

APOIAR-SE NO CHÃO

JOGO DE ATENÇÕES

 

#CRIARMEMBRANA

Cada pessoa tem um equilíbrio fluido-membrana diferente –  uma  característica  constitucional  básica  que  também  pode variar  de  um  momento  a  outro.  Esse  equilíbrio  revela  muito sobre nossos padrões de movimento, de relacionamento, de comunicação, de expressão e de transformação. Eles se expressam na  nossa  capacidade  de  modulação  tônica,  de  adaptabilidade, de mudança de um estado a outro, de manter uma determinada postura ou de sustentar um gesto. Enquanto os fluidos nos proporcionam  a  possibilidade  de  deixar  acontecer,  de  ir  com as  marés  –  em  um fluxo  de  movimentos,  de  pensamentos,  de emoções – as membranas nos fornecem continente, estrutura, proteção.  Um  desequilíbrio  que  pese  demasiado  para  o  lado dos  fluidos  pode  favorecer  a  indiferenciação,  o  caos,  a  perda de  si  e  do  mundo. E,  opostamente,  apoiar-se  excessivamente nas membranas pode levar à rigidez, à intolerância, à perda das trocas com o mundo. Fluidos e membranas se necessitam mutuamente para o bem-estar e equilíbrio das células e da vida.” 

 

trecho do artigo “UMA EXPERIÊNCIA SOMÁTICA EM DANÇA ENTRE FLUIDOS E MEMBRANAS” de Dani Lima. 

palavras relacionadas à membrana

PALAVRA

PASSAPORTE PARA ESTAR

ESPAÇO

LINHAS

APOIO NA ARQUITETURA DA CASA

DIREÇÃO

PAUSA

RESISTÊNCIA

INTEGRIDADE IMPOSTA

OLHO ABERTO

MEDO

SEMÂNTICA

ESCADA

TERRITÓRIO

FIRMEZA

MANCHA

INTENSIFICAR

ORGANIZAR

PRESENÇA

SEPARAR

FIGURA

DIFÍCIL

JOELHO MACHUCADO

MOLDAR

GOLE D´ÁGUA

#COMOMOVER?

 

No ramo da infectologia, o pensamento de eliminar os chamados ‘vetores de contaminação’ predomina diante dos esforços governamentais, midiáticos, corporais, civis (na melhor das hipóteses)….////// 

E quando o vetor de contaminação é justamente um corpo humano – diante de uma doença que ataca a própria espécie ? → Quarentena, gestos barreiras, negações, extermínios dolosos (?) … // Pois sim, os corpos mortos não são os que mais favorecem o contágio, são os corpos vivos/respirantes que o fazem -> os corpos vivos querem se manter vivos, e para isso há a condição lógica de se aceitar como um vetor- como uma possibilidade de morte para o outro –> ao aceitar isso, estes corpos são obrigados a complexificar os gestos de expansão em relação a sua própria vida–> ao complexificar tais gestos, somos obrigados a repensar as esferas de valoração do nosso mover no mundo….. -> isso requer a ressignificação de alguns acordos simbólicos, acordos não assinados que sempre perpassam o “estar” e suas comunicações;; e onde há ‘símbolos’ há barganha semiótica/ onde há símbolo, há guerra. ///logo>: como mover? Como perceber as ressignificações de moveres sutis em ossos, músculos, células..??

Rebeca Tadiello

 

#CUIDAR

cantar olhar nos olhos respeitar o meu tempo prestar atenção a medida certa ceder espaço dividir espaço chorar deixar chorar respeitar o tempo do outro cuidar do seu espaço refletir a sua cobrança conversar

abrir espaço oferecer espaço oferecer abraço receber cuidar das coisas do coração

afeto/afetar beber água alongar se mover/mover andar na rua mudar as coisas de lugar

mudar o caminho uma almofada mudar uma atitude  mudar o ponto de vista mudar se colocar no lugar da outra tomar banho de mar ver de perto e ver de longe

esvaziar deixar esvaziar arejar aberturas no corpo do outro seu mover com cuidado evitar lesões ralentar um pouco saber pedir desculpas na hora certa

eu me sinto cuidada quando cozinham pra mim quando recebo uma massagem quando eu não me apresso quando me perguntam como eu estou me sentindo quando eu encontro meu pai quando eu tomo um café na janela quando eu me toco quando me dão presentes quando me escutam quando eu cozinho cogumelos quando estou quente quando eu falo com meu irmão quando eu uso máscara

eu cuido quando eu faço massagem quando eu falo se cuida quando eu toco quando eu abraço quando eu estou presente quando eu ligo pra minha mãe quando eu presto atenção quando eu uso máscara quando eu observo

“Eu não acho que controle é uma palavra ruim. Eu não acho que cuidar (“care”) é a única prática em que nós precisamos estar engajados. E “care”, propriamente, envolve ambos aspectos do “curare”: tanto veneno quanto remédio estão embutidos na palavra “curare”, que é a raíz da palavra “care”. Portanto, práticas de cuidado não se tratam de um “ser legal” sentimentalizado. Viver e morrer verdadeiramente no cuidar envolve estar no meio da contradição, onde não há como não estar engajado na dualidade do cuidado e do veneno, da cura e do veneno.(…) Portanto, isso envolve, entre outras coisas, práticas de controle. (…) Práticas de controle também são práticas para nos mantermos vivos.” Donna Haraway (ver mesa de referências)

#SUSTENTAR

o olhar a pausa a cabeça uma postura a perna um gesto a respiração a desistência um argumento a crença o fluxo a passagem do tempo a mentira a verdade alguém uma criança no colo o wi-fi um peso a esperança o próprio peso o desejo a palavra um modo a vida a merda a paz a revolta o amor a escuta o que se disse a presença a risada o humor uma bandeja a sanidade mental o cansaço a amizade as relações uma nota uma contração uma queda um ritmo um impulso uma intenção se sustentar na vida a vitamina D a vontade o ânimo a pausa o tédio a voz a repetição o coração o grito a emoção os braços as asas o voo a caminhada o giro a queda a espiral as vogais uma canção o pensamento uma imagem o movimento a vontade de mover a dança o apoio um impulso uma abertura uma torção uma ponta um close a cena uma conversa o cochicho a escuta a fofoca a risada os dentes o enquadramento

#EQUIPE

Gestos Barreiras

 

Concepção

Laboratório de Manuseio Coreográfico

Direção Geral e Direção de Movimento

Camila Venturelli 

Criação, Performance e Captação de vídeo

Camila Venturelli, Letícia Trovijo, Naíra Gascon e Rebeca Tadiello

Colaboração Artística

Dani Lima

Dramaturgismo

Candice Didonet 

Consultoria de vídeo e montagem

Bruna Lessa e Cacá Bernardes / Bruta Flor Filmes

Trilha sonora e finalização de som

Julia Teles

Arte Gráfica

Maria Carolina Marchi

Consultoria Redes Sociais

Vitor Dumont

Assessoria de Imprensa

Elaine Calux

Produção

Wesley Mendes

Direção de Produção

Cristiane Klein / Dionísio Produção

Criação do site

 

Organização de conteúdo

Camila Venturelli

Identidade Visual

Maria Carolina Marchi

Layout e desenvolvimento

Lidia Ganhito

Edição e direção visual dos gifs

Lidia Ganhito

Desenvolvimento do site

Luis Mourão e Gianluca Fiorini

Projeto realizado com o apoio do Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

#DESISTIR

da tensão da atenção de resistir de insistir de cair dos outros de sustentar de argumentar de estar da família de um plano da morte da realidade do vício de correr dos impulsos da pausa do amor de malhar de sofrer da dieta do facebook das redes da imagem da fala da fé do querer de esticar o pé de pentear o cabelo da desistência de dormir de se apaixonar da cena de mudar do ataque de si de se defender de expectativas do Brasil de morar no Rio de Janeiro da dívida do encontro de tentar de entender de mudar de chorar de apagar de esquecer de colecionar de lembrar de tentar sozinha da verdade de falar a verdade de ocupar de atender do prazer das ideias do gozo do corpo de depilar de beijar de fingir de um padrão de mover de gritar de sentir do equilíbrio do tônus de uma abertura do antes de uma torção das pontas do observador do enquadramento

#ABRIR

  um sorriso  a cabeça o coração a porta a boca as mãos as pernas os dedos  os botões da blusa que voce usava o zíper a janela abrir o caderno a cerveja a mochila a garrafa a panela os olhos a boca a cortina os braços um negócio o semáforo uma academia de ginástica o show uma empresa o pão a abóbora o pacote de biscoito a carteira a mão o estojo

#BARRAR

o vírus a água o sol o movimento do rio dejetos pensamento um tiro os ladrões os impulsos as crises a rua uma fala um pensamento os carros você uma manifestação as pessoas uma pessoa a praia a entrada a saída a imaginação a loucura a medicação o pensamento crítico o mau hálito a censura